Cabos de aço – Entrevista para a revista Portos e Navios

– Avaliação da demanda por esses produtos no mercado portuário brasileiro;

No setor portuário de máquinas e equipamentos que utilizam cabos de aço em seus processos tem sofrido uma grande evolução tecnológica nos últimos anos. A instalação e modernização de novos terminais portuários no Brasil tem trazidos equipamentos de diversos fabricantes mundiais, utilizando cabos de aço com a mais moderna tecnologia, reunindo eficiência, durabilidade e segurança.

Cabos de aço desenvolvidos com essas características são denominados ESPECIAIS e apresentam especificações distintas dos cabos de aço denominados convencionais ou cabos de aço para uso geral. A quantidade de arames, a compactação de arames, o revestimento da alma, o tipo da alma, o comprimento do passo, o revestimento do arame, a resistência e composição de arames são tudo “fórmulas secretas” dos fabricantes para desenvolver um cabo de aço ESPECIAL para determinada aplicação.

A cultura dos terminais portuários também tem mudado na relação da aquisição dos cabos de aço para os equipamentos. Antigamente era apenas visto o custo do cabo de aço em si. Porém, verificou-se que com a aquisição de cabos de aço ESPECIAIS ofereciam maior desempenho na aplicação, fazendo com que houvesse menor parada de manutenção, confiabilidade no uso dos equipamentos e consequentemente maior segurança na operação, justificando a aquisição de cabos de aço com mais caros que os convencionais.

Os fabricantes nacionais de cabos de aço ainda não detém toda tecnologia para fabricação de cabos de aço especiais, onde muitas fábricas / distribuidores e revendas utilizam as unidades fabris presentes em outros países, que são especializadas apenas em cabos de aço de alta performance para poder abastecer o mercado nacional.

Os equipamentos portuários que mais demandam esse tipo de material são Portêiners, RTG´s e outros modelos de guindastes, onde cada fabricante determina qual cabo de aço oferece melhor desempenho para o modelo do equipamento.

Vale destacar que a troca de um cabo de aço convencional por um especial deve ser avaliada por um Engenheiro especialista, que deve avaliar diversos fatores que estão relacionados com o uso e desempenho do material no equipamento como polias, tambores e demais componentes utilizados.

– Perspectivas para 2017 e os próximos anos;

O cenário atual do mercado de movimentação de carga no âmbito nacional não tem sido muito motivador, tendo em vista os rumos da economia, porém acredita-se que o cenário possa melhorar já no próximo ano. A baixa utilização dos equipamentos tem feito com que não haja tanta substituição dos cabos de aço, porém deve-se atentar-se a boa conservação dos mesmos, realizando as manutenções preventivas, conforme indicado por cada fabricante.

Alguns fabricantes de guindaste a nível mundial estão testando a tecnologia de fibras sintéticas na substituição dos cabos de aço nos guindastes. Como ainda é uma tecnologia nova, está sendo analisada sua durabilidade e resistência, porém os fabricantes das fibras sintéticas garantem que existem muitos benefícios como: facilidade no manuseio e instalação, não deforma como um cabo de aço quando apresentar torção ou gaiola de passarinho, não sofre fadiga na região dobrada, dentre outros.

Vamos aguardar e verificar como será a inserção desse tipo de material no mercado.

– A crise econômica brasileira e as oportunidades de diversificação de atuação;

A crise econômica brasileira está fazendo com que as fábricas mudem suas estratégias de atuação, passando por cima do mercado de distribuição, que há anos contribuiu para seu crescimento e fortalecimento. Fábricas que antes vendiam apenas bobinas fechadas de cabos de aço e exigiam um faturamento mínimo, estão cortando os cabos de aço na metragem que o cliente desejar e aplicando condições comerciais jamais vistas.

Assim, o mercado de distribuição em contrapartida tem buscado grandes fabricantes de nível mundial para competir com os fabricantes nacionais, promovendo uma disputa interessante comercialmente, onde o mercado tende a ganhar muito.

Apenas fico preocupado com o aquecimento da economia, onde os fabricantes nacionais não vão conseguir suprir o abastecimento que estão almejando e quebrando os laços com seus distribuidores poderá ser um tiro no pé.

– Conteúdo Local;

No Brasil temos apenas 3 fabricantes potenciais, atualmente capacitados para confecção de cabos de aço acima de 1″ de diâmetro (normalmente utilizado nos Portêineres), onde os demais produtos que atendem a demanda de equipamentos portuários são importados, provenientes da Europa, Argentina, Chile, China, Índia, dentre outros.

No panorama nacional da matéria prima (arames) ainda temos uma grande carência de novos players, onde os fabricantes de cabos de aço têm que recorrer a fabricantes internacionais para conseguirem preço e qualidade desejada.

Vale a pena ressaltarmos que a correta inspeção  de cabos de aço está diretamente ligada ao seu desempenho. Os critérios utilizados para descartar um cabo de aço ESPECIAL são discrepantes de um cabo de aço convencional, onde o conhecimento do time de manutenção desses requisitos é essencial para garantir o correto momento de descarte dos cabos de aço, evitando descartar antes do tempo ou após seu limite de segurança estabelecido por norma ou pelo fabricante.

A inspeção de cabos de aço deve ser realizada por um profissional qualificado com periodicidade mínima de 1 mês e a mesma deve ser registrada. Algumas avaliações quanto ao uso dos cabos de aço depende do conhecimento do inspetor quanto a aplicação do cabo de aço no equipamento, que analisa se aquele material realmente não oferece mais condições de uso, onde a continuidade de sua utilização pode resultar em rompimento do material ou redução da segurança na aplicação. Podemos citar: corrosão, dobras, amassamentos e protuberância da alma as deformações que depende do feeling do inspetor.

Muitas empresas não realizam um procedimento adequado quanto aos critérios de inspeção dos cabos de aço, utilizando um padrão genérico, onde não há atualizações conforme revisões normativas. Recomendamos que cada equipamento tenha um check list próprio, onde deve estar registrado o modelo e construção do cabo de aço utilizado, assim como os critérios estabelecidos normativamente ou pelo fabricante quando ao requisitos de troca como arames rompidos, deformações e desgastes.

– Qualidade e certificação de produtos;

Desde a publicação da norma ABNT NBR 2408 – Cabos de aço para uso geral – Requisitos mínimos, em 2008, o mercado nacional obteve uma grande elevação da qualidade dos produtos produzidos e importados, colocando regras e propondo fiscalizações importantes para garantir a qualidade dos produtos aqui comercializados.

O INMETRO tem participado com grande efetividade dos processo de certificação compulsória através das portarias 176, 209, 212, 313, dentre outras – esse trabalho tem como finalidade garantir que os produtos importados e fabricados seguem os requisitos de fabricação normativa, garantindo os requisitos de segurança do Programa de Avaliação da Conformidade para Cabos de Aço de uso Geral.

Temos uma comissão de estudos no Brasil ABNT/CEE113 – Cabos de Aço e Acessórios, onde diversas partes interessadas (fabricantes, usuários e empresas de serviços – neutras) participam para desenvolver e aprimorar normas nacionais ABNT, onde temos a participação de discussão de normas internacionais, participando da votação de alterações e novas publicações.

Ainda temos poucas normas nacionais como referência para movimentação de cargas, onde os fabricantes baseiam-se normalmente em normas internacionais para fabricação e adequação dos produtos. Com a evolução tecnológica, muitos produtos ainda podem ser fabricados sem especificação normativa, atendendo em partes a requisitos, como por exemplo qualidade e desempenho dos arames utilizados para fabricação dos cabos de aço.

– Diferenciais da empresa (produtos, estrutura física, corpo técnico etc);

A Rigging Brasil é uma empresa exclusivamente prestadora de serviços no segmento de movimentação de cargas. Com uma atuação desde 2006 no segmento, desenvolveu uma repleta gama de serviços como inspeção, projetos, consultoria e treinamentos voltado para operações industriais, portuárias e para construção civil.

Através do “Know How” desenvolveu um sistema de análise de operações de movimentações de carga, com a finalidade avaliar separadamente cada operação, apresentando um relatório técnico, apresentando um panorama dos principais riscos inerentes e sugerindo as contramedidas necessárias em termos de eliminação, redução, transferência e controle dos mesmos.

Sua matriz localizada no Ipiranga, São Paulo conta com um departamento de Engenharia estruturado e apresenta mais de 20 colaboradores atuando em todas as regiões do Brasil. Possui uma filial no estado do Rio de Janeiro – Resende para atendimento focado nas operações no Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Desenvolveu um braço no serviços de treinamento denominado Escola da Movimentação, onde são realizados cursos voltados para o segmento de movimentação de cargas, elaborados sob medida para os clientes ou nos formatos padrão. Os treinamentos podem ser realizados In Company ou a distância.